domingo, 15 de fevereiro de 2015

Vampirismo - Um breve comentário

VAMPIRISMO E ENERGIA



Sejam bem vindos á nosso canto nacional esotérico, compartilhamos com você um breviário assunto sobre o vampirismo comentado por um Frater Rosacruz José Laércio do Egito em seu tratado de Vampirismo Cósmico, esperando que lhe sejam úteis, atenciosamente Valentin Luccan Petrovsky!

UNIVERSO PREDADOR

Esse universo que estamos vivenciando é de natureza predatória ao extremo, nele não há espaço e nem momento onde não esteja havendo saques e mortes. Na verdade, há muitos momentos em que em torno de nós parece não estar havendo competições, destruições e mortes, contudo isso é um engano porque na verdade estamos mergulhados num mar de vida e mortes. No tocante à vida humana pode até não estar havendo morte, nem espoliações, mas se forem considerados os muitos planos de existência, então podemos dizer que esses fatores nos rondam a todo instante e não tem como a pessoa dizer que não faz parte desse esquema de espoliação e destruição de vida estruturada. Pode-se sentir isso, a existência biológica é estabelecida sobre um ciclo de destruição de vidas bacterianas e celulares. 

Para se ver o quanto vivemos dentro de um universo predador, basta que seja considerado o que está ocorrendo no nosso próprio organismo em que as mais diversas formas de destruição está constantemente ocorrendo; haja vista que células imunológicas estão inexoravelmente destruindo milhões de seres, bactérias, vírus e até mesmo células do próprio organismo. Há no organismo uma guerra com destruições maciças de estruturas biológicas vivas em número inconcebivelmente elevado. A defesa do organismo é estabelecida em destruição quer seja em nível bioquímico quer em nível celular e que visa vencer batalha. Se as células imunológicas conseguem destruir os micro-organismos patógenos a vida da pessoa é preservada, do contrário haverá morte ou doenças. Mas a mortandade que se processa no organismo não se prende apenas a fatores intrínsecos, mas também a extrínsecos. A cada instante irradiações de inúmeras procedências estão atingindo os tecidos do organismo e matando células, para compensar as acentuadas perdas existem mecanismos biológicos ativos no organismo. Podemos até dizer que a vida biológica resulta do que sobra, do que não é destruído, ou substituído.



Muitas pessoas, movidas por sentimentos de misericórdia, chegam a não comer alimentos que contenham células, preferindo por isso se alimentarem de frutas – frutívoras. Ledo engano, elas não comem carne animal, mas comem vegetais que também são formas de vida biológica e que, segundo pesquisas recentes1, também têm capacidade de reconhecimento, têm afeiçoes e também medos e pânicos. Não estamos incentivando ou desestimulando a ingestão de produtos de origem anima, apenas estamos salientando que a pessoa não come produtos oriundos de células vivas, porém é bom saber que sua própria saúde é resultante de destruições de elementos vivos envolvidos nas defesas imunológicas. Os grandes iniciados não comem animais, mas isso tem a ver com os modelos energéticos contidos na carne e não na destruição da vida biológica, pois sabem que não qualquer forma possível de não ser participante, ou co-participante da batalha pela vida.

 A compaixão também é levada em conta, muitas pessoas não se sentem bem em ter que abater um animal para se alimentar desde que pode dispor de outras formas menos desenvolvidas na escala biológica. No mundo sideral são estrelas e sistemas estelares que se destoem mutuamente e acabam por ser são devorados pelos chamados buracos negros. A luta predatória, portanto, vai desde um simples átomo que é destruído por outro até galáxias inteiras. O canibalismo sideral é uma constante no mundo desde o micro até o macro. Em que é diferente essa luta predatória entre sistemas siderais e atômicos? O que está em jogo nesse canibalismo? Qual o objetivo disso? - Podem ser estabelecidos vários parâmetros de objetivos, mas, em essência existe um que é comum a tudo quanto interage no universo – A ENERGIA. Quer se trate de um animal que come outro, uma celular que destrói outra, um buraco nego que pode “devorar” até um sistema sideral, na essência, o objetivo final visa a captação de energia. No universo qualquer interação está envolvendo captação ou desprendimento de energia, a guerra predatória em todos os planos tem um único objetivo: transferência de energia. A célula macrófago devora uma bactéria, ou outra célula para captar energia, de uma bactéria, de um inseto, ou de um animal qualquer. Gostaríamos de fazer uma pergunta a um religioso que acredita num ser maléfico. O que este em conquistar a alma das pessoas? Mesmo Deus o que ganha conquistado-a? As hostes demoníacas pra que querem as almas das pessoas, por certo não é a introdução de mais um espécime numa hipotética coleção que ele tem. O que um átomo ganha ao destruir outro a não ser energia? O que lucra um corpo sideral ao destruir outro? - Por certo não se trata de uma vaidade de ser o ganhador, coisa que só possível nos seres dotados de ego. Se pensarmos bem a única coisa responsável pela interação entre as formas de existência no mundo imanente interessa é a energia, é o única que interessa.



 Talvez, apenas exista uma exceção, a preservação e amplificação do ego, mas isso somente diz respeito aos seres humanos. Na verdade energia é um dos mais elevados elementos da natureza, de Deus. Prakriti compõe-se de sete níveis sendo a energia o mais elevado, apenas superado pela Luz Primordial, ou seja, Deus. Por que existe essa imensa luta por energia? – Existe porque ela é resultante da própria força de, da força que tende a trazer tudo de volta para a unificação. Para os estudiosos de física pode encontrar a resposta no estudo da Entropia. No universo há uma tendência ao equilíbrio, à anulação das polaridades. O Universo é muito heterogêneo em termos de energia, e tudo o que consideramos predação na verdade reflete à tendência ao equilíbrio energético universal. No equilíbrio energético não há mais movimento e sem movimento coisa alguma existe, as manifestações do mundo imanente desaparecem, isso quer dizer que a própria ilusão deixa de existir.


Na verdade aquilo que tanto choca a pessoa, a vida biológica ligada a um processo de destruição, tem um fim. Mas o que mostra a perfeição da existência é que o ser pode anular o mundo predatório, pare entender como isso é possível, basta se aprofundar no conhecimento do Primeiro Principio Mental: O Mundo é Mental. A Física mostra a existência de uma tendência da energia se escoar do ponto mais elevado para o menos elevado até chegar ao equilíbrio – Principio dos Vasos Comunicantes, estudado pela física elementar. O principio é universal, que se apresenta sob diversos aspectos, mas a finalidade é uma só.

Assim veremos alguns tipos de pessoas que exercem vampirização no relacionamento com outras. Temos com muita freqüência pessoas com muitas formas de conversa entediante, cansativa e que acaba fazendo com que o ouvinte saia do seu equilíbrio ideal e acabe emitindo energia que irá ser captada pela outra. São pessoas que acabam cansando o ouvinte e assim contando com a energia desprendida, enquanto o ouvinte acaba o dia se sentindo fraco sem atinar bem sobre a causa daquele estado de esgotamento. Assim relataremos alguns tipos, para que a pessoa tome conhecimento e possa estabelecer uma forma de defesa contra eles. 

Vampiro cobrador: Pessoa que vive cobrando sobre tudo, sobre o comportamento da outra, do porquê de não a haver sido avisado ou chamado para isso ou aquilo; porque não foi visitado, porque a pessoa não telefonou, porque não foi ao seu aniversário, etc.
Parece que não ter outro “papo” a não ser cobrar alguma coisa. Reclama de tudo e assim acaba irritando, e desse modo cansando emissão de energia do ouvinte e assim abrir as defesa energéticas deste. Por meio da irritação, e do tédio que causa o ouvinte perde energia, que, por certo, é absorvida pelo vampiro. Defenda-se deles devolvendo a pergunta: porque você também não telefonou, não me visitou, sabia do meu aniversário e não foi me ver, e assim por diante. Desse modo a pessoa torna o vampiro confuso e então ele tende a se afastar, a parar com as cobranças porque também se vê cobrado. 

Vampiro crítico: Pessoa que só sabe abrir a boca para comer ou para criticar. Critica sempre negativamente, e assim acaba por cansar o ouvinte, ou pior, envolve-lo em problemas, tomar partido, e outros graus de envolvimento;

 Vampiro pegajoso: Pessoa que “cola” noutra, que sempre estão chegando perto, que muitas vezes não deixa a vítima respirar, ter outros amigos. Sua ação parece muito com a do Vampiro Ciumento. O pegajoso sempre acha algum pretexto para se aproximar e iniciar algum papo. Acontece que vezes se contenta até mesmo co o ficar perto; 

Vampiro esponja: Também chamado de possessivo. Pessoa que se julga dona de outra, que não deixa que alguma outra se aproximem da vítima, que evitam até que tenha amigos, etc. Julga-se dona da outra pessoa, quase dizendo ele (ela) é só minha;

Vampiro bajulador: Não perde ocasião para enaltecer o ego da vitima fazendo com que se exalte e assim abra guarda de suas defesas, e assim se torne mais vulnerável.

Diz Dom Juan que um dos maiores consumidor de energia é a importância pessoal. Enaltecendo esse tipo de vampiro reforça o ego da vitima, desencadeia o sentimento exacerbado de importância pessoal. Como diz Dom Jun: A MAIOR PARTE DA NOSSA ENERGIA VAI PARA O SUSTENTO DA IMPORTÂNCIA PESSOAL;

 Vampiro reclamador. Vive reclamando de tudo, da família, dos conhecidos, dos políticos, das organizações, etc. Não tem outro “papo” a não ser o de criticar, e se a pessoa não aceita isso acaba no mínimo ficando exausta e abrindo as defesas; 

Vampiro tagarela, também conhecido como vampiro loquaz. Corresponde àquele tipo de pessoa que fala demais, que não dá tempo nem ao menos para examinar, ouvir um comentário da outra para o estabelecimento de um diálogo. Pessoa extremamente loquaz por certo é um vampiro tagarela que não se da conta de que está cansando o outro com o metralhar de palavras. Se não for interrompido por algum motivo, tende a falar horas seguidas, se o ouvinte deixar que o faça. A melhor maneira de defesa contra esse tipo, é deixá-la falar sozinha, sair de perto.

 Vampiro lamentoso: Pessoas que só chegam para se lamentar, contar dos seus infortúnios, da situação econômica, de suas dificuldades. Normalmente reclamam o tempo todo, dizendo que está sendo vitima de alguém, que está sendo usado por alguém; 

Vampiro Negativista: Trata-se daquele tipo de pessoa que só “vê o mundo através de um vidro esfumaçado”, que não consegue ver o lado positivo de coisa alguma. Assim acaba por deprimir o ouvinte determinando perda de energia a qual é sugada prontamente; 

Vampiro Hipocondríaco. Esse é um tipo muito comum, aquele que mal chega diante da gente e já começa a falar de sua saúde, se lamentar, e falar especialmente de enfermidades doenças, Este é um tipo enfermiço de vampiro. Quem se dá ao sacrifício de suportá-los acaba por também se tornar doente, cansado, enfermiço; 

Vampiro encrenqueiro: Pessoas que vive fuxicando, gerando desavenças entre as pessoas, e o seu lucro se prende ao ódio dos envolvidos, e a conseqüente descarga energética;

 Vampiro insuflador: Vive insuflando situações emocionais, instigando desavenças, discórdias rancores, ódios, etc.; 

Vampiro super-protetor. Aquele que vive participando de tudo no tocante a super-proteção. Nem sempre uma pessoa assim é um altruísta, um caridoso. Sente-se bem nesse tipo de atitude pelo conforto que sentem resultando do aporte de energia que recebe. 


Há outros tipos de sugadores, mas pelo que descrevemos o discípulo toma ciência da existência dos vampiros sociais, coisa que ele nunca se deu conta de existir. Permite a pessoa identificar, não só esses tipos descritos, mas por si descobrir outras variedades. Na maioria das vezes nem o sugador e nem a vítima se dá conta dos processos de vampirização. Um fofoqueiro, um hipocondríaco, um lamuriento, um bajulador sente prazer nisso, mas nem sabem por que razão é assim. O que sabem é que se sentem bem em agir daquela forma. Há pessoas cujo maior prazer é criar problemas emocionais para os outros, sentem prazer de se queixar o dia todo, de entediar todo mundo. Por que isso? Exatamente porque aquela é uma maneira que faculta aquisição de energia, aquele processo é confortante, é tal qual um alimento para ela, uma alimentação de nível puramente energético, é claro.


O grande problema ligado ao vampirismo social reside no fato da vitima por educação ou algo assim deixa o sugador á vontade, teme ofende-lo, ou mesmo tem piedade dele. Só há duas maneiras básicas de ação contra o vampirismo social, ou a pessoa corta o papo, ou dá ouvido e então tem que arcar com as conseqüências. Cuidado ao interceptar a ação de um vampiro social, senão a própria maneira de cortar acaba gerando emoções e intensificando o desgaste de energia que se quer evitar.


Aforismas Esotéricos

O CAMINHO DO MAGO... TRECHOS DA SABEDORIA DE DEEPAK CHOPRA <<*>>



Sejam bem vindos ao nosso universo de sabedoria milenar, esses aforismas esotéricos são bastantes importantes para a caminhada ao desconhecido a ser conhecido... Valentin Petrovsky


As pessoas querem saber por que motivo eu, que nasci na índia,
tenho tanto interesse por magos. Eis a minha resposta: na índia
ainda acreditamos na existência de magos. O que é um mago? Não é
alguém que simplesmente pode fazer mágicas, mas alguém capaz de
causar transformações.

Um mago pode transformar o medo em alegria, a frustração
em realização.
Um mago pode transformar o temporal no intemporal.
O mago pode levá-lo além das limitações em direção ao
ilimitado.

Durante minha infância na índia, eu sabia que tudo isso era
verdade. Às vezes homens velhos vestindo trajes brancos e sandálias
vinham até nossa casa, e até mesmo para um menino de olhar
arregalado eles pareciam criaturas muito especiais. Sua paz era
completa; eles emanavam amor e alegria; os altos e baixos agitados
da vida cotidiana não pareciam afetá-los. Nós os chamávamos de
gurus ou conselheiros espirituais. Mas levei muito tempo para
perceber que os gurus e os magos são a mesma coisa. Toda
sociedade tem seus mestres, videntes e curadores; guru era apenas a
palavra que usávamos para designar aqueles que possuíam
sabedoria espiritual.

No ocidente, o mago é basicamente considerado um mágico que
pratica a alquimia, transformando metais não preciosos em ouro. A
alquimia também existe na índia (na verdade, ela foi
inventada lá), mas a palavra alquimia é na realidade um código. Ela
é um símbolo para a transformação dos seres humanos em ouro,
para a transformação das nossas qualidades inferiores de medo,
ignorância, ódio e vergonha naquilo que existe de mais precioso:
amor e realização. Portanto, um mestre que consiga ensinar-lhe
como se transformar numa pessoa livre e amorosa é, por definição,
um alquimista — e sempre o foi.

Ao ingressar na escola secundária em Nova Deli, eu já sabia
muitas coisas a respeito do mais famoso mago da tradição ocidental,
Merlim. Como todo mundo, eu me apaixonei imediatamente por ele.
Logo todo o mundo dele se abriu. Ainda sei de cor dezenas de
estrofes do poema épico de Tennyson, Idylls of the King, que nos
faziam decorar naquela época nos longos e quentes dias de aula.
Devorei todas as outras fontes de literatura arturiana a que consegui
ter acesso. Não me parecia estranho saber tudo a respeito do suave
e pálido Camelot embora eu vivesse debaixo de um ardente sol
tropical, que eu quisesse cavalgar como Lancelot, embora eu
certamente tivesse sufocado na armadura, ou que a gruta de cristal
de Merlim realmente existisse, embora todos os autores garantissem
que os magos eram figuras míticas.
Eu sabia que essa afirmação não era verdadeira, porque eu era
um menino indiano e havia estado com eles.



POR QUE PRECISAMOS DOS MAGOS

Venho pensando há trinta anos sobre o conhecimento do mago.
Viajei para Glastonbury e para o West Country, escalei o Tor e vi a
montanha onde Artur e seus cavaleiros estão supostamente
adormecidos. Mas algo mais místico, a necessidade de transformação,
continua a me puxar de volta para a magia. Em cada ano eu
sentia que nossa época precisa mais do que nunca desse
conhecimento. Agora que sou adulto, passo minhas horas de
trabalho falando e escrevendo a respeito de como podemos alcançar
uma completa liberdade e realização. Só percebi recentemente que
na verdade estou falando sobre alquimia.

Cheguei finalmente à conclusão de que uma maneira estimulante
de abordar esse tópico seria através de um dos relacionamentos mais
extraordinários já registrados, ou seja, aquele entre Merlim e o
menino Artur na gruta de cristal. Neste livro, a gruta de cristal é um
lugar privilegiado dentro do coração humano. É o refúgio de
segurança onde uma voz sábia não conhece o medo, onde o turbilhão
do mundo exterior não consegue penetrar. Sempre existiu e sempre
existirá um mago na gruta de cristal — tudo que você tem a fazer é
entrar e escutar.

As pessoas de hoje vivem no mundo do mago tanto quanto as
antigas gerações. Joseph Campbell, o grande mestre da mitologia,
afirmou que qualquer pessoa que esteja numa esquina esperando o
sinal abrir está esperando para ingressar no mundo de feitos
heróicos e ações míticas. Nós simplesmente não percebemos a
oportunidade que se nos apresenta. Atravessamos a rua sem
perceber a espada cravada na pedra sobre o meio-fio.

A jornada em direção ao milagroso principia aqui. O melhor
momento para começar é agora. O caminho do mago não existe no
tempo — ele está simultaneamente em todos os lugares e em lugar
nenhum. Ele pertence a todos e a ninguém. Portanto, este é um livro
que o ensina a recuperar o que já é seu. Como diz a primeira frase
da primeira lição:

Existe um mago dentro de cada um de nós. Esse mago
tudo vê e tudo sabe.

Esta é a única frase do livro que você terá que aceitar como um
axioma. Assim que você descobrir o mago interior, o ensinamento
prosseguirá por si mesmo. Durante muitos anos esse tipo de
aprendizado espontâneo tem sido o centro da minha vida cotidiana,
no qual eu observo e espero o que o guia interior tem a dizer.
Nenhum outro tipo de aprendizado é tão fascinante. Já ouvi Merlim
falar num riso que escutei por acaso no aeroporto, nas árvores
sussurrantes durante um passeio pela praia, até mesmo na minha
televisão. Uma estação rodoviária pode se transformar na gruta de
cristal se você estiver receptivo.

Por que precisamos do caminho do mago? Precisamos dele para
poder abandonar o trivial e o monótono e avançar em
direção ao tipo de significado que temos a tendência de relegar ao
mito mas que, na verdade, está bem ao nosso alcance, aqui e agora.
Estar vivo significa conquistar o direito de dizer tudo que quisermos,
ser quem quisermos e fazer o que quisermos. Camelot foi um
símbolo desse tipo de liberdade. É por isso que o contemplamos com
tanta avidez e admiração. A vida tem sido difícil a partir de então.
Um discípulo procurou certa vez um grande mestre e perguntou:
"Por que me sinto tão contido por dentro, como se eu quisesse
gritar?" O mestre olhou para ele e respondeu: "Porque todo mundo
se sente assim."

Todos queremos expandir nosso amor e nossa criatividade,
explorar nossa natureza espiritual, mas com frequência não
alcançamos nosso objetivo. Nós nos trancamos em nossas prisões
particulares. Algumas pessoas, contudo, conseguiram se libertar dos
confins que tornam a vida tão limitada. Ouçamos o poeta persa
Rumi, que diz: "Você é o espírito incondicionado preso nas
condições, como o sol num eclipse."

Essa é a voz de um mago, que não aceita que os seres humanos
estejam limitados no tempo e no espaço. Estamos apenas
temporariamente num eclipse. O objetivo de aprendermos com um
mago é encontrar o mago interior. Ao encontrar o guia interior, você
encontra a si mesmo. O eu é o sol que brilha eternamente, mas que
pode estar passando por um eclipse; tão logo desaparecem as
sombras, o sol simplesmente volta a resplandecer em toda a sua
glória.


COMO APRENDER COM O MAGO

Este livro contém vinte lições, cada uma narrada a partir do ponto
de vista do mago. No início de cada uma você vai encontrar alguns
aforismos, fragmentos penetrantes da sabedoria do mago que se
destinam a ajudá-lo a transcender a realidade ordinária. Leia cada
um deles e deixe que ele cale em seu espírito. Não fique esperando
um resultado, permita-se apenas passar pela experiência. Você não
precisa trabalhar nem se esforçar. Esforçar-se é como debater-se para sair da areia movediça
— só faz com que você afunde mais ainda.

O mago interior deseja falar, e isso é verdade para todos nós. Mas
o mago precisa de uma chance, de uma abertura. A semelhança dos
koans Zen, os aforismos fornecem essa abertura por provocarem
uma mudança na percepção, capaz de produzir uma mudança na
realidade pessoal.

A voz do mago precisa ser trazida de volta para a vida cotidiana.
Já citei a primeira sentença da primeira lição: Existe um mago
dentro de cada um de nós. Esse mago tudo vê e tudo sabe. Eis o
restante da lição:

< O mago está além dos opostos da luz e das trevas, do bem e
do mal, do prazer e da dor.

Tudo que o mago vê tem suas raízes no mundo
invisível.

A natureza reflete o estado de alma do mago.
O corpo e a mente podem adormecer, mas o mago
está sempre desperto.

O mago possui o segredo da imortalidade

Se essas palavras o fazem vibrar levemente, lhe dão um arrepio
de reconhecimento, elas cumpriram seu propósito. É de fato
emocionante descobrir que não somos seres limitados e sim filhos do
milagroso. Essa é a verdade, o fato único e profundo a respeito de
cada um de nós que tem estado encoberto por um tempo
excessivamente longo.

Reuni cerca de cem desses provérbios, que são ilustrados por
histórias do mundo de Merlim e Artur. Não são fragmentos das
antigas lendas e sim parábolas que inseri naquela época. Às vezes a
história ilustrativa não parece se encaixar exatamente, ou com
perfeita lógica, nos aforismos. Isso fói feito deliberadamente, porque
a mente linear, que tem a necessidade de criar a ordem, não é a
única parte do seu ser que vai percorrer o caminho do mago. Você
vai percorrê-lo na imaginação, na esperança, na criatividade e no
amor.

Em resumo, o caminho do mago é o caminho do espírito. Mas ele
não é espiritualmente oposto à racionalidade; ele é a estrutura mais
ampla na qual a razão se encaixa, uma peça entre muitas. Para
dirigir-me à mente linear, incluí uma seção chamada
"Compreendendo a Lição", que serve de base aos aforismos e às
histórias. Cada lição se encerra com a seção "Vivendo com a Lição",
na qual eu o ajudo a deixar que a sabedoria do mago embrenhe-se na
sua experiência pessoal.

"Vivendo com a Lição" é a parte ativa do caminho do mago.
Minhas sugestões são simplesmente um início, uma maneira de
desencadear sua participação. Em última análise, o que vai modificar
sua realidade é o seu entendimento. "Vivendo com a Lição" contém
alguns exercícios que podem parecer passivos porque quase todos
são experiências de pensamento.

O que é uma experiência de pensamento? É uma forma de
conduzir sua mente a novos lugares, de fazer com que ela veja as
coisas de uma maneira diferente. Os magos tinham consciência de
algo profundo e importante — se você quiser mudar o mundo, mude
sua atitude diante dele. Einstein certa vez deitou-se num sofá, fechou
os olhos e viu um homem viajando à velocidade da luz. Aprofundando
essa imagem intrigante, ele começou a realizar várias experiências
de pensamento, aparentemente meras especulações sem sentido.
Após alguns anos, contudo, a atitude do mundo científico iria se
transformar quando a própria natureza confirmou as visões
transcendentes de Einstein.

Se uma fantasia no sofá é capaz de alterar o mundo, é porque as
experiências de pensamento devem encerrar dentro de si um
tremendo poder. Nada é verdadeiramente aprendido enquanto não é
vivido. A razão, a experiência, o espírito — quando estes se reúnem,
o caminho do mago está aberto, o terreno para a alquimia está
preparado. A sabedoria em seu interior é como uma centelha que,
uma vez acesa, nunca pode se extinguir.


MAGIA SEXUAL - UMA REFERÊNCIA


UMA INTRODUÇÃO AO ASSUNTO...



Feitiçaria sexual é um dos aspectos mais importantes da magia moderna por revelar um método de feitiçaria que é encontrado no próprio corpo humano. Por ser uma tradição que une tanto o ocidente quanto o oriente e usa técnicas de diferentes escolas. Para entender plenamente a Feitiçaria Sexual deve-se pôr de lado todos os preconceitos e adentrar o estudo com uma mente aberta e uma predisposição de considerar uma nova via para entender e experienciar o Universo e si mesmo.


As Escolas Orientais de Feitiçaria Sexual

Símbolos rituais tântricos têm sido encontrados datados aproximadamente de três mil anos antes de Cristo, estes símbolos de fertilidade parecem ser de origem Indo-européia e demonstram a antigüidade dos cultos tântricos. Tantra (que significa “a via”) é a mais das religiões do mundo oriental. Seus textos primários são conhecidos como “Tantras” e são tão velhos quanto os Vedas (pelo menos dois mil anos antes de Cristo), se não mais velhos. A influência do tantrismo pode ser vista na maior parte das culturas antigas, na grande China podemos ler sobre Alquimia Sexual e os mistérios da libido milhares de anos antes de Freud e nos cultos Gnósticos lemos sobre a encarnação da Deidade em marido e esposa. Outros exemplos podem ser encontrados no Egito, Creta e Roma onde a feitiçaria sexual era central para a maioria das tradições iniciáticas secretas. Mesmo hoje em dia Tantra ainda está vivo na Índia moderna, ocupando um dos lugares mais sagrados dos Hindus, Kamrup in Assam, sendo a representação da Yoni ou vagina da própria deusa.


As Escolas Ocidentais de Feitiçaria Sexual

Gnosticismo é uma escola religiosa de pensamento que é tida como tendo sido desenvolvida em algum momento ao redor do advento de Jesus. Suas origens são encontradas no Egito e na Suméria, enquanto suas formas externas tenderam a ser de extração hebraica. Por muitos anos os ensinamentos do Gnosticismo não eram conhecidos, até recentemente quando pesquisas descobriram que a essência da tradição Gnóstica era uma forma ocidental de Tantra. Este ‘tantrismo’ tinha ritos iniciáticos e práticas adaptadas de várias tradições ainda que operando sob uma mesma estrutura organizacional generalizada. Parece que a morte do Gnosticismo, ou ainda o seu movimento nos anais do ocultismo, tomou lugar por volta de 200 d.C. e que seu ressurgimento ocorreu através de ordens secretas tais quais a Ordem de Sião e os Cavaleiros Templários.
Por volta de meados do século passado quando muitos eruditos ingleses começaram a pesquisar sobre as tradições tântricas sobreviventes em ambas suas formas oriental e ocidental e isto gerou ordens como a O.T.O. e num menor grau a Golden Dawn e outras ordens herméticas relacionadas. No caso Golden Dawn acredita-se que embora a ordem funcionasse com um foco Cristão-Judeu, sob esta fachada uma forte tradição de feitiçaria sexual floresceu, embora estas tradições não mais são ensinadas pelas derivações modernas da GD.
A Ordo Templi Orientis também conhecida como a Ordem dos Templários do Oriente é uma ordem explicitamente tântrica com tonalidades maçônicas. Em 1912 a sua revista, Oriflamme, deixara claro que a sua premissa central de ensinamento era a feitiçaria sexual. A ordem possui a chave que abre todos os segredos herméticos e maçônicos, isto é, o ensinamento da Magia Sexual e este ensinamento explica sem exceção todos os segredos da Livre Maçonaria.



Feitiçaria Sexual no Novo Aeon


Com o advento do Novo Aeon em 1904, Mestre Therion (Aleister Crowley) formulou a Astrum Argentinum como uma ordem semi-física para manifestar a nova corrente mágika. Uma das primeiras ordens fora desta estrutura a aceitar a Lei de Thelema foi a OTO. O Mestre Therion então remodelou seus trabalhos para refletir a natureza do Novo Aeon e incorporar novas práticas e teorias de tantrismo ocidental e oriental.
Entretanto, sendo que a OTO ainda tinha uma base maçônica, sob a pressão do Novo Aeon deu lugar a uma nova forma de ordem baseada no princípio de ensinamento boca a boca ao invés de formas de organização autocráticas. Com esta mudança os ensinamentos da feitiçaria sexual e do Tantra foram aumentados pela pesquisa e pela prática do vasto número de feiticeiros thelemitas ocidentais e orientais e a síntese resultante é encontrada nas várias escolas tântricas modernas thelêmicas. Estas incluem tão variadas ordens como a OTO Tiphoniana encabeçada por Kenneth Grant, a Ordem Arcana dos Cavaleiros de Shamballa (AMOOKOS), o Culto da Serpente Negra e a Ordem de Prometheus (Austrália).
A publicação deste manual de treino é parte do processo onde a experiência direta da Feitiçaria Sexual pode ser alcançada por indivíduos e grupos pequenos sem a segregação e controle das estruturas das ordens, acreditamos que tal ato está em concordância com o espírito aberto do Aeon de Hórus.
“Se você trouxer para fora aquilo que está dentro de você, isto o salvará.
Se você não trouxer para fora o que está dentro de você, isto o destruirá.”
O evangelho gnóstico de Tomé.
“...quando você se despe da vestimenta da vergonha, quando os dois se tornam um e o macho e a fêmea não é nem macho nem fêmea.”
O evangelho de acordo com Egyptiana.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Mistérios do Auto Conhecimento

ORDEM SABERSÓFICOS - ED -12




Eis um texto sobre o tema de psicologia e que inserido nos ramos esotéricos um de vossos membros da ordem em sua forma inicial, como um psicólogo conceituado dá uma explanação sobre os mistérios do auto-conhecimento;



Atenciosamente VALENTIN LUCCAN PETROVSKY!





O AUTOCONHECIMENTO, A ACEITAÇÃO DE SI E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS.

Autor: Luiz Carlos do Rego Cavalcanti Filho[1]
Orientadora: Profª. Mércia Aparecida da Silva[2]

Resumo: Este artigo tem o intuito de incitar a investigação das causas dos problemas que envolvem as relações interpessoais, elucidando o autoconhecimento, a autorreflexão e a aceitação de si como ferramentas adequadas para uma investigação pessoal independente do setting terapêutico. Tudo isso à luz da Abordagem Centrada na Pessoa.


Palavras-chave: autoconhecimento, autorreflexão, aceitação, relações interpessoais.

“O inferno são os outros”.
            É com o intuito e a ousadia – é claro - de desmistificar essa célebre frase de Sartre à luz dos relacionamentos interpessoais que tecemos estas linhas.
            É interessante observar que nas relações pessoais temos a tendência de confirmar a assertiva: o outro é um inferno. Porque pensa diferente, age diferente, não me entende, é lento demais ou é rápido demais, é exigente ou é acomodado, etc. E, deste modo, vamos engrossando a ladainha de adjetivos onde “eu” sou o certo e o erro está no outro. Esse é um dos principais argumentos para o fim de casamentos, namoros, relacionamentos, amizades. E, portanto, para vivermos em vínculos superficiais onde preservamos a riqueza da nossa individualidade, ou melhor, nesse caso, do nosso individualismo.
            Sendo assim, tecemos este artigo baseando-nos na teoria da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), de Carl Rogers, na qual o indivíduo é capaz de, por si só, pelas suas potencialidades encontrar as raízes dos seus próprios problemas, bem como solucioná-los. Entretanto, sugerimos o autoconhecimento como um precioso instrumento quanto à resolução sobre a culpabilidade do outro mediante as dificuldades de relacionamento.
            Danon (2003) confirmará isso ao dizer:
            “Se não se tem consciência de si próprio, daquilo que se ama e dos próprios talentos, corre-se o risco de ser sacudido pelas circunstâncias como folhas ao vento. Antes de tudo é necessário aprender a administrar a própria vida” (p.18).
            Dessa forma, para nos relacionarmos bem com o outro, precisamos, primeiramente, conhecer-nos e relacionar-nos bem conosco. E isso passa pela aceitação de “minha vida, minha história, minhas qualidades e meus defeitos”.
            Sobre isso diz Guardini (2003):
            “Na raiz de tudo está o ato de aceitar-me. Devo concordar em ser o que sou. Concordar em ter as qualidades que tenho. Concordar em manter-me dentro dos limites que me foram traçados” (p. 21).
            Sendo assim, antes de acusar o outro, devemos lembrar-nos de que também somos passíveis de erros e há, também, desordens, defeitos em nós.
            “Não posso fugir do mal que existe em mim: mau temperamento, hábitos arraigados, culpa acumulada. Devo admiti-lo e enfrentá-lo: assim sou eu, eu fiz isso. Não por teimosia, o que não seria aceitação, e sim endurecimento. Mas colocando-me sempre dentro da verdade, porque só ela supera o mal: eu sou (estou) assim, porém quero mudar” (GUARDINI, 2003, p.18) (grifo nosso).
            À luz destas palavras, vemos que poderá estar escondida em nós uma não aceitação de nós mesmos ao não aceitarmos o outro. Esse outro tão diferente (ou seria igual?) que nos incomoda. Acerca disso, Philipe (2004) dirá:
“Há uma relação profunda e de mão dupla entre aceitação de si e aceitação dos outros. Uma favorece a outra. Freqüentemente não conseguimos aceitar os outros porque no fundo não aceitamos a nós mesmos. Quem não está em paz consigo mesmo estará necessariamente em guerra com os outros. A não-aceitação de si cria uma tensão interior, uma insatisfação, uma frustração que freqüentemente projetamos sobre os outros, que se tornam bodes expiatórios de nossos conflitos interiores” (p. 35).
Outro fator importante, empecilho para os relacionamentos é o conceito do “eu” que temos de nós mesmos. Segundo Cencini (2002), o homem tem níveis de identificação, de conceito de eu. Partindo do mais básico – nível corporal – identificação própria das crianças; depois - nível psíquico – um nível superior ao primeiro, porém superficial; e o - nível ontológico - seria o nível de identificação ideal. Mas, como essas identificações interfeririam nos relacionamentos interpessoais?
            Por exemplo, se nos identificamos no nível corporal e o outro não, então, teremos a tendência a exterminá-lo de nossa convivência porque ele não cuida do corpo, não valoriza o corpo como nós valorizamos. Logo, o movimento interior de rejeitar o outro que tem o corpo, a vida saudável (ou não), a estética diferente de nós é bem comum e, explicável, para o mundo hodierno que supervaloriza o corpo. Se nos identificamos no nível psíquico, no qual - se fica preso às funções e aos ambientes -; o fracasso é visto como uma ameaça à nossa personalidade; é proibido errar, por isso o outro será uma constante ameaça. Porque ele pode tomar nosso cargo, pode ser melhor do que somos, pode revelar que não somos tão bons, tão perfeitos assim. Não seria esse, outro movimento comum, o de repelir o outro psiquicamente, pois nos mundos capitalista e corporativo a competência pelos “cargos e salários” nos faz temer o diferente? Porque ele pode ser “melhor” do que eu. E mesmo identificando-nos no nível ontológico (onde a identificação é pelo que SOMOS e não pelo que TEMOS e FAZEMOS), precisamos respeitar a diferença e o nível de identificação do outro que poder ser igual ao nosso ou não. Cabe, então, aqui um questionamento: qual o problema do outro ser, pensar e agir diferente? Isso não seria um sinal de falta de autoconhecimento e de aceitação de si?
            É mister lembrar que a diferença em relação ao outro é algo enriquecedor, mas também, às vezes, doloroso.Pois o diferente nos assusta, é uma ameaça. O outro é desconhecido. Por isso, corre o risco de “tomar nosso lugar”, “de nos anular”. Dessa maneira, é mais fácil (e até melhor) para nós, colocarmos o outro dentro de um estereótipo e “eliminá-lo” de qualquer possibilidade de interação e crescimento interpessoais. Isso com as idéias de Fuks (2003) que mostra que as desavenças surgirem com as pessoas mais próximas:
            “São pequenas diferenças reais que impedem que o outro seja um perfeito semelhante, o que significa que o ódio não nasce da distância, mas da proximidade. E, exatamente porque não se trata de uma diferença qualquer, é que se produz o estranhamento que denota os impulsos hostis contra aqueles que estão apenas um pouco mais além do espelho” (p. 48).
            Em outras palavras, os mais próximos, como no espelho de Narciso, revelam nossas pequenas diferenças, pequenas imperfeições. Ou melhor, revelam feridas narcísicas das quais não tínhamos conhecimento, ou revelam que não queríamos enfrentar as verdades de nosso ser não perfeito.
            Por isso, ao olhar o outro e ver revelada nossas “imperfeições”, queremos elimina-lo do nosso meio. Então, não estaria inscrito em nossa herança histórico-sócio-cultural esse desejo de matar o outro? Essa herança tão bem descrita por Freud no mito Totem e Tabu ? Certamente. E Enriquez (1990) dirá sobre os sentimentos de ambivalência no Totem e Tabu:
            “Os estrangeiros assemelham-se no seu caráter fora do comum: o poder que eles podem exercer em relação a nós. O inimigo nos mata, o chefe nos subjuga, os mortos nos assombram e nos chamam” (p. 37).
            Porém, por que o outro tanto nos incomoda e interpela? Por ser ele um diferente, um desconhecido. Então, tentamos enquadrá-lo em nossos esquemas cognitivos. Mas, se esse enquadramento não se dá de maneira simples (por causa das projeções ou transferências), nós entramos em desacordo interno, em uma desagradável tensão. E no intuito de alívio, enquadramos o outro em um estereótipo. Porque olhar para nós e investigarmos sobre se essa tensão não tem princípio em nós e não no outro seria “mais trabalhoso (pois teríamos que rever nossos valores, esquemas cognitivos) e doloroso”. Weiten (2001) nos explicará sobre esse movimento interior:
“A dissonância cognitiva existe quando cognições relacionadas são incoerentes, ou seja, quando se contradizem mutuamente. (...) Quando levantada, supõe-se que a dissonância cognitiva crie um estado de tensão desagradável que motiva as pessoas a reduzirem sua dissonância – geralmente, alterando suas cognições” (p. 487).
            Além disso, é importante observarmos outros eventos comuns nas interações e como eles podem perturbá-las. Tomemos a seguinte hipótese: uma pessoa tem dificuldade com determinado indivíduo sem mesmo conhecê-lo. Só por saber, simplesmente, o nome e a profissão, inconscientemente, diz não gostar de “fulano” e pronto. Sobre isso a Psicologia Social pode nos ajudar. Rodrigues (2001) falará:
            “Ao sermos apresentados a uma pessoa, imediatamente ativamos os esquemas relativos a esta pessoa” (p. 81).
            Weiten (2001) irá conceituar esquema:
            “Esquemas são estruturas cognitivas que orientam o processamento das informações” (p. 472).
            Ou seja, esquema é a representação que temos sobre determinada pessoa, coisa ou fato. E isso ocorre natural e saudavelmente. O problema, no entanto, está em enquadrarmos as pessoas nos “nossos esquemas” e, assim, nos negarmos a enxergar nelas outros valores e outras qualidades.
            Por exemplo, Paulo foi apresentado a Renata. Renata é universitária, loira e enfermeira. Logo após a apresentação e alguns minutos de conversa, Paulo diz “não ter ido com a cara de Renata”, mesmo sem ter motivo aparente. Eis um exemplo clássico de representação. Ora, Renata até pode ser chata mesmo. Contudo, certamente, a antipatia de Paulo por Renata pode advir das representações dele sobre mulher loira, universitária e enfermeira, representações essas subordinadas aos conceitos e fatos vivenciados na vida de Paulo e arquivados na memória dele. Desse modo, ele enquadra Renata num estereótipo.
            “Estereótipos são convicções amplamente mantidas de que as pessoas têm certas características porque são integrantes de um grupo particular” (WEITEN, 2001, p. 473).
            Portanto, os estereótipos estão ligados aos esquemas, aos aspectos cognitivos, e servem para nos enquadrarmos socialmente. No entanto, o erro mais comum é vermos só o estereótipo.
            Daí a necessidade da autorreflexão para não enquadrarmos o outro em estereótipos somente, bem como os esquadrinharmos as reais intenções de nossas impressões, posturas, nossos valores. Sobre isso Moscovici (2008) diz:
“Quantas vezes geramos e recebemos primeiras impressões errôneas que nos trazem dificuldades e aborrecimentos desnecessários, porque não nos dispomos a rever e, portanto, confirma ou modifica aquelas impressões. Quando isto acontece, naturalmente, ao longo de uma convivência forçada como numa situação de trabalho, por exemplo, percebemos, então, quanto tempo precioso e quanta energia perdemos por não tomarmos a iniciativa de procurar conhecer melhor o outro e examinarmos as próprias atitudes e preconceitos, com o fito de desfazer impressões negativas não-realísticas” (p. 68).
Através deste artigo, propomos a necessidade do exercício da autorreflexão a fim de derrubar as barreiras dos relacionamentos e não mais nos acomodarmos nas nossas defesas egocêntricas.
            Mais uma vez, Rogers (1961) vem em nosso auxílio sobre a importância da aceitação de si mesmo e do processo de autoconhecimento:
               “Por isso é que eu acho que é eficaz permitir-me ser o que sou nas minhas atitudes; conhecer quando me aproximo dos limites da resistência ou da tolerância e aceitar isso como um fato; conhecer quando desejo moldar ou manipular as pessoas e reconhecer isso como um fato em mim. Gostaria de ser capaz de aceitar estes sentimentos como aceito os sentimentos de entusiasmo, de interesse, de tolerância, de bondade, de compreensão, que também são uma parte muito real de mim. É unicamente quando aceito todas estas atitudes como um fato, como fazendo parte integrante de mim, que as minhas relações com as outras pessoas se tornam o que são e podem crescer e transformar-se com maior facilidade” (p. 29).
            Em outras palavras, a partir do momento que nos conhecemos, aceitamos ser portadores de valores e defeitos, erros e acertos, de uma história bela e imperfeita (e por isso real); aceitamos o outro. E não mais o julgamos ou exigimos dele uma perfeição nos relacionamentos.
            Por isso, neste artigo, ressaltamos a importância da autorreflexão geradora de autoconhecimento e aceitação (de si e do outro). Sobre isso Moscovici (2008) discorre:
            “A conscientização de aspectos inadequados ou problemáticos facilita a decisão de mudanças e a reformulação de comportamentos disfuncionais, em nível pessoal e interpessoal, os quais se refletem no grupo.” (p. 42)
Outro problema típico nas relações é o caso das projeções. Quando projetamos no outro aquilo que não gostamos em nós, passamos por três movimentos distintos: 1) o outro tem algo (sentimento, comportamento etc.) e não temos e queremos ter. Então, isso nos causa raiva, inveja, inconscientemente ou não; 2) o outro tem algo e temos também isso, no entanto, não gostamos disso. Assim, o outro revela o não aceitável em nós; 3) o outro tem algo e já tivemos isso antes, e não temos mais. Porém, não aceitamos ver, perceber o quanto aquele sentimento ou aquela postura já nos pertenceu, revelando, dessa forma, uma não aceitação de nossa história, de nossa vida.
            Sobre isso diz Navarro (2006):
            “Em um relacionamento, as pessoas são espelhos umas das outras, e o que nos incomoda nos outros é justamente o que não apreciamos em nós mesmos, ou seja, os defeitos que vemos nos outros são os mesmos que temos” (p. 57).
            E mais:
            “Os outros nada mais fazem do que refletir seu interior, apontando os aspectos da personalidade que você precisa trabalhar” (NAVARRO, 2004, p. 82).
            Além do mais, outro aspecto atrelado à projeção e ao estereótipo é a profecia autorrealizadora. Baseados no estereótipo assimilado de determinada pessoa, nós verbalizamos (mentalmente ou não) que a pessoa referida é de tal maneira e, desse modo, orientamos nossos esquemas a percebemos atitudes corroborativas dos estereótipos. Vejamos a opinião de Rodrigues, Assmar e Jablonski (2001) sobre essa questão:
            “A chamada profecia autorrealizadora é uma conseqüência da ação dos esquemas sociais. Consiste na exibição de um padrão de comportamentos, que, guiado por esquemas, faz com que a pessoa alvo deste comportamento seja influenciada por ele e responda de forma coerente com as expectativas. O estudo de Rosenthal e Jacobson (1986) é um bom exemplo desta tendência: um professor forma um esquema segundo o qual um determinado aluno é desatento; ele age em relação a esse aluno orientado por esse esquema; o aluno acaba se convencendo de que é mesmo desatento, ‘confirmando’ assim a profecia do professor de que ele não seria atento em aula.” (p. 82).
            Dessa maneira, a profecia autorrealizadora apresenta-se como mais um empecilho às relações interpessoais e reforçadora de estigmas atribuídos aos outros.
            Outra realidade comum nos relacionamentos é não sabermos aceitar críticas ou opiniões diferentes das nossas. Pois temos a tendência de levarmos a “fala” do outro para o lado pessoal, e criarmos, assim, mais um obstáculo. Sobre isso, Blanchard e Johnson (2006) dizem:
            “Mas sabia que, se a repreensão fosse feita pelo Gerente-Minuto, seria justa; seria um comentário sobre seu comportamento e não sobre seu valor como pessoa” (p. 59).
            Certamente, isso ocorre, porque receber críticas (boas ou más) tem, ainda, em nossa sociedades um contexto muito afetivo e pessoal. Sem falar no desmascaramento do nosso “eu ideal e perfeito”. Vejamos o que nos diz Moscovici (2008) sobre isso:
            “Podemos temer as reações do outro – sua mágoa, sua agressão -, isto é, que o feedback seja mal interpretado, pois em nossa cultura, ainda é percebido como crítica e tem implicações emocionais (afetivas) e sociais muito fortes, em termos de amizade (ou sua negação), status, competência e reconhecimento social” (p. 97).
            Outro questionamento, baseado no temas abordados anteriormente, seria: por que, então, temos essa tendência de acusar o outro? De vermos os erros dos outros e não os nossos? Pelo simples fato de ser mais fácil investigar e denunciar o erro alheio, ao invés de fazermos a viagem interna – a introspecção – baseada na autorreflexão.
            Dessa forma, acreditamos na autorreflexão, na introspecção, na reavaliação dos nossos atos e valores, na leitura dos acontecimentos circundantes como caminhos essenciais para uma boa vivência conosco e com os outros. Mesmo que para isso vençamos nossa “avareza cognitiva” e tiremos o jugo da culpa das costas do outro.
               “Nós somos ‘avaros cognitivos’, isto é, não gostamos de gastar muito esforço cognitivo na tentativa de entender o mundo social que nos rodeia. Preferimos pouco esforço e, por causa disso, as heurísticas – os métodos rápidos de chegar a conclusões – nos servem perfeitamente”( RODRIGUES, ASSMAR,  JABLONSKI, p. 84). Grifo nosso.
            Não esqueçamos que o trabalho de autoconhecimento perpassa a leitura das nossas vidas. Portanto, exercício de autorreflexão, de introspecção não é trabalho apenas para o “setting” terapêutico, mas atividade cotidiana de quem se aceita como um ser em construção passível de erros e defeitos, possuidor de qualidades. Por isso, podemos nos conhecer através de acontecimentos corriqueiros, porém de grande valor, se tivermos um olhar apurado sobre nossas vidas. Sendo assim, a atividade de autorreflexão pode dar-se através da leitura de um livro e/ou uma matéria de revista, de um filme, de uma fala de um amigo (e até mesmo de um estranho), etc. Ou seja, o dia-a-dia é rico em material para nossa descoberta interior. Grün e Sartorius (2008) dirão sobre isso:
               “Para chegar à maturidade espiritual, preciso escutar a voz de Deus dentro de mim. Através desta voz no meu interior posso reconhecer a imagem que Deus fez de mim. Escuto a voz dele nos cães que latem, em meus sentimentos e pensamentos, em minhas paixões e necessidades, em meus sonhos noturnos e sonhos diurnos, em minhas doenças e tensões corporais” (p. 10).
            Por fim, ressaltamos a importância de não evitarmos a confrontação com nossas qualidades e defeitos, a necessidade da aceitação de nós, antes de qualificarmos o outro como inferno. Teremos, assim,  a consciência de sermos, nós também, esse inferno. Somos também possuidores de céu e inferno dentro de nós, cabendo a nós a escolha da aceitação de nossas mazelas. E que atravessemos a ponte do autoconhecimento, passando do rio de julgamento para o rio da aceitação. Pois céu e inferno habitam em nós e no outro. Só nos resta escolher qual deles queremos alimentar.

Referências Bibliográficas

BLANCHARD, Kenneth; JOHNSON, Spencer. O Gerente-minuto. Rio de Janeiro: Record, 2006.
CENCINI, Amadeo. Amarás o Senhor teu Deus: psicologia do encontro com Deus. São Paulo: Paulinas, 2002.
DANON, Marcella. Cousenling: uma nova profissão de ajuda. Curitba: IATES, 2003.
ENRIQUEZ, Eugène. Da horda ao estado. Psicanálise do vínculo social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.
FUKS,.Betty Bernardo. Freud e a cultura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
GRÜN, Anselm; SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2008.
GUARDINI, Romano. A aceitação de si mesmo. As idades da vida. São Paulo: Palas Athenas, 2003.
MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.
NAVARRO, Leila. Qual é o seu lugar no mundo? São Paulo, Editora Gente, 2004.
NAVARRO, Leila. O que a universidade não ensina e o mercado de trabalho exige. São Paulo: Saraiva, 2006.
PHILIPE, Jacques. A liberdade interior. Fortaleza: Edições Shalom, 2004
RODRIGUES, Aroldo; ASSMAR, Eveline Maria Leal; JABLONSKI, Bernardo. Psicologia Social. Petrópolis: Vozes, 1999.
ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1961.
WEITEN, Wayne. Introdução à Psicologia: temas e variações. Editora Thomson Pioneira, 2001.

[1] Luiz Carlos do Rego Cavalcanti Filho, estudante do 8º período de Psicologia da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda – FACHO.
[2] Mércia Aparecida da Silva, Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta, Facilitadora de grupos de desenvolvimento interpessoal, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, professora do Departamento de Psicologia da FACHO.